O Rotary Club de Curitiba Oeste promoveu no último dia 31 o Programa PRITANEU. Durante o evento, que contou com a presença de diversas autoridades, foi homenageado o Sr. José Carlos de Mello Rocha, mesário mais antigo do Brasil.
A reunião festiva aconteceu dia 31 de outubro de 2006, às 12:00 horas na FUR - Fundação da Unidade Rotária, sita à Rua Coronel Adyr Guimarães Nº. 288 – Ahú, em Curitiba.
Ao homenagear o Sr. José Carlos pelo trabalho voluntário que aos 75 anos continua prestando, quando grande número de jovens brasileiros procura desculpas para driblar a justiça eleitoral fugindo de seu dever cívico, o Rotary Club de Curitiba Oeste acredita ter incentivado boa parte das novas gerações a mudarem seu equivocado enfoque sobre cidadania.
Conheça um pouco mais do homenageado através da transcrição abaixo da entrevista que o mesmo concedeu ao jornal O Globo para a jornalista Dani Blaschkauer:
Aos 77 anos, mesário mais antigo do país vai como voluntário para outra eleição José Carlos Mello Rocha trabalha para a Justiça Eleitoral desde 1945.
O pior, segundo ele, é suportar o barulhinho das urnas eletrônicas.
Para ele, nada disso importa. Dentro do universo de 1,6 milhão de brasileiros que trabalharão para a Justiça Eleitoral nas eleições deste ano, José Carlos Mello Rocha, 77 anos, é o mais antigo mesário do país, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desde 1945, presta esse serviço voluntariamente.
Em mais de 60 anos como mesário, ele só não se acostumou totalmente com a campainha da urna eletrônica.
"Minha Nossa Senhora... Eu volto para casa ouvindo (a campainha) por mais um dia inteiro. Ainda assim, é melhor que na época da cédula. Agora, a gente sabe quando o eleitor acaba de votar", disse Rocha ao G1, por telefone, de Curitiba (PR), onde mora.
Seu José não esconde a satisfação ao dizer que é o mesário mais antigo da Justiça Eleitoral. E dá conselhos aos novatos, que não suportam acordar cedo, ganhar no máximo um vale alimentação e ficar sem um domingo para curtir.
"O que digo para os jovens é que eles são os futuros políticos e este trabalho já é um sinal do que podem vir a ser no futuro, de que podem ser bons para o país", afirma.
O começo
Em 1945, ele datilografava as primeiras fichas de eleitor. "Naquela época, em Jaguariaíva (cerca de 230 km ao norte de Curitiba), eu era um garotão que ajudava o meu pai no cartório, fazendo o alistamento dos eleitores", afirmou Rocha.
Desde 1961, porém, deixou a pequena cidade do interior paranaense e passou a trabalhar efetivamente em mesas eleitorais em Curitiba - só teve folga (obrigatória pela lei eleitoral) quando um parente de primeiro grau estava se candidatando a um cargo eletivo. "Por motivo de saúde, acho que só não fui em uma", disse.
Nascido em 1 de maio de 1931, seu José não quer saber de parar. Aposentado desde 1986, ele já está superando um AVC (acidente vascular cerebral) sofrido há um ano e meio e também a morte da mulher no último dia de 2007 após 54 anos de casamento.
"Ela sempre me deu apoio", revela. E o apoio o transporta para poder chegar bem no trabalho no próximo 5 de outubro e ter, quem sabe, mais histórias. Afinal, com tanto tempo na função, história não poderia faltar. A predileta?
Sophia Loren
Rocha não lembra exatamente em qual eleição ocorreu, mas ele não esquece do fato que fez parar o colégio onde trabalhava na ocasião.
"Faz uns 15 ou 20 anos, nós vimos que na lista de eleitores havia uma Sophia Loren. Claro que a gente sabia que não era a famosa atriz, mas todos queríamos saber quem era a mulher com o nome da atriz", disse.
Rocha conta que, a cada pessoa que chegava, funcionários das 25 seções do colégio corriam para saber se a eleitora seria a famosa. "Eu sei que acabou o horário de votar e ela não apareceu."
Mas o sonho de conhecer a homônima não terminou. Na eleição seguinte, novamente o desejo de ver Sophia Loren. Tanto que deixava temporariamente a a seção para checar se a mulher de nome conhecido iria, enfim, aparecer.
"Novamente fiquei todo o tempo olhando para descobrir quem seria ela, mas ela nunca apareceu" contou ele, rindo.
Urnas eletrônicas
E foi rindo também que Rocha superou "facilmente" as mudanças no sistema de votação. O paranaense contou que a chegada da urna eletrônica foi uma fase de transição tranqüila.
"Nossa, foi muito fácil mesmo. Eu peguei as urnas de madeira. Antes, era mais difícil de trabalhar e também fazer a contagem dos votos", disse.
Ele já pensa em deixar o legado para o sobrinho-bisneto, Alisson, que estará em ação nas próximas eleições. "Mas eu vou até quando a minha saúde deixar", declarou.