Rubens Meister mudou a paisagem de Curitiba
Em almoço muito concorrido e em meio a muita emoção e alegria, o Rotary Club de Curitiba Oeste concedeu ao Engenheiro Rubens Meister o Título de Pritane 1997, parte de um programa denominado Pritaneu que anualmente no mês de Outubro agracia Profissionais Notórios que apresentaram e apresentam boa reputação e ilibada conduta, no campo das atividades econômicas e sociais, públicas ou privadas.
O referido título pode ser concedido a qualquer pessoa indicada para membro do Pritaneu pelos Companheiros do Oeste e referendada pelo seu Conselho Diretor, preferencialmente a pessoas não tenham a condição de Rotariano.
O engenheiro Rubens Meister protagonizou um dos capítulos mais importantes da cultura paranaense: a adesão à arquitetura modernista, movimento que converteu o estado, então conhecido pelas lavouras de café, como modelo de urbanismo.
O Título Pritaneu foi uma inspiração do Diretor de RI 1983/1985 Guido Arzua, em 1990. De lá para cá já foram agraciadas as seguintes personalidades de nossa sociedade:
em 1990 o Pastor e Professor OSWALDO SOEIRO EMRICH e o Professor Dr. RICARDO PASQUINI;
em 1991 a segunda edição do Programa foi CANCELADA devido ao não comparecimento do Gov. Jaime Lerner;
em 1992 o Professor Dr. JULIO CEZAR UILI COELHO e a Professora MARIA DE LOURDES CANZIANI;
em 1993 o Empresário Dr. FRANCISCO CUNHA PEREIRA Fº e o Médico e Prof. LUIZ ROBERTO GOMES VIALLE;
em 1994 o Botânico e Prof. GERDT G. HATSCHBACH;
em 1995 o Engº Agrônomo HELIO PIMENTEL;
em 1996 a Prof. e Poetisa HELENA KOLODY;
e finalmente em 1997 o Engº Arquiteto RUBENS MEISTER;
Para instituição deste notável programa, o Companheiro Guido inspirou-se na Grécia antiga, onde havia uma instituição denominada Pritaneu. Era o lugar de reunião dos Pritanes, acompanhados de grande número de funcionários públicos e certos cidadãos, a quem se concedia tal privilégio em recompensa pôr expressivos serviços prestados à Pátria. Por extensão, o Pritaneu era um estabelecimento fundado em favor dos Beneméritos da Pátria.
Parabéns Rubens Meister pelo notável legado que deixa aos Curitibanos.
CONHEÇA UM POUCO DE RUBENS MEISTER
O engenheiro foi protagonista de um dos capítulos mais importantes da cultura paranaense: a adesão à arquitetura modernista, movimento que converteu o estado, então conhecido pelas lavouras de café, como modelo de urbanismo. Estudiosos como o arquiteto Salvador Gnoato e o historiador Marcelo Sutil – autores de Rubens Meister, Vida e Arquitetura (Travessa dos Editores, 2005) investigam os caminhos que levaram o jovem Meister a aderir a uma estética pouco valorizada na Curitiba pequena e provinciana onde cresceu, povoada de casarões ecléticos e emperiquitados.
Rubens Meister teve formação refinada. De família suíço-alemã emigrada para o Paraná em meados do século 19, foi alfabetizado em alemão e teve acesso a livros publicados na Europa. Nasceu em Botucatu, São Paulo, em 1922 – ano da Semana de Arte Moderna –, mas foi criado nos pinheirais. Chegou a estudar no Rio de Janeiro, mas voltou para casa, com a vantagem de não ter experimentado nenhuma das restrições étnicas que vigoraram durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1947, recém-diplomado e com apenas 25 anos, seu patrimônio intelectual fez a diferença: apresentou um arrojado projeto para o Teatro Guaíra, cuja nova sede marcaria, dali a alguns anos, o Centenário da Emancipação Política do estado.
É, com folga, o episódio épico da vida do reservado Meister. Um júri conservador lhe deu o terceiro lugar, o que desgostou o governador Bento Munhoz da Rocha Neto. Contra o consenso, Bento elegeu a proposta de Rubens, formando uma das melhores dobradinhas do século, nublada apena pela construção de Brasília, muito mais badalada. O que o engenheiro não imaginava, decerto, é que o prêmio lhe consumiria 25 anos de trabalho, o que nas devidas proporções faz lembrar a saga dos construtores das catedrais góticas.
Em 1974, quando o Teatro Guaíra foi finalmente inaugurado – sendo apontado como um dos melhores do mundo –, seu idealizador já tinha dividido em dois a história da arquitetura no estado. Tinha ajudado a criar o curso de Arquitetura da UFPR, influenciado uma geração – a mesma dos superlativos Vilanova Artigas, Elgson Ribeiro, Lolô Cornelsen e Romeu Paulo da Costa –, e acumulado um portfólio de respeito. Como salienta Salvador Gnoato, o Guaíra fez de Meister um profissional completo, capaz de responder pelo desenho, pela estrutura, pela acústica e visibilidade. “Não houve amargura pela demora. Ele era dedicado e não fez dos 25 anos um peso”, acrescenta Paulo Luz Marques.
O selo de qualidade Meister pode ser conferido em uma andança pela cidade: tanto na Rodoferroviária quanto na Fiep, para citar dois endereços, vigora o estilo econômico, severo, mas com acabamento à prova do tempo. “Era rigoroso na construção e no conforto, embora avesso a luxo. Tinha escrúpulo. Basta sentar numa das salas do Centro Po litécnico para saber”, comenta Salvador. Tanto é que resistiu bravamente à moda “brutalista”, na qual o despojamento moderno passou a ser sinônimo de excesso de concreto aparente. A essa altura, já era um clássico, entendia de mercado e não deixou de ser procurado pelos gestores públicos e empreendedores em busca de projetos que desafiassem o tempo.
“As esquinas do Meister se tornaram célebres”, ilustra o historiador Marcelo Sutil. Ele não se refere apenas ao Sesc da Esquina, trabalho das safras mais recentes, mas a conjuntos na Marechal Deodoro com a Barão do Rio Branco e Marechal com Marechal, onde está o portentoso prédio da Caixa Econômica Federal.
A Fundação da Unidade Rotária também deve o seu projeto a Rubens Meister, que doou o mesmo graciosamente aos rotarianos. |